A quem diga que o sistema
capitalista de mercado, onde a competição e a busca pelo lucro ultrapassam
valores e desvalorizam a pessoa humana, tornando o lucro mais importante que o trabalhador,
está falido, em decadência. Apesar de tantas discussões sobre direitos humanos
e um incessante luta pela reumanização do homem as marcas verozes do
capitalismo selvagem penetraram com força as bases de nossa sociedade, porque o
capitalismo não se limita a um sistema econômico, mas influência culturalmente
nossa vida social e o modo como iremos nos relacionar.
Nesta perspectiva, infelizmente, conclui
que nos relacionamentos estamos tão agressivos como investidores das bolsas de
valores. Sempre especulativos para ver se no mercado não há investimentos
melhores. Tornamos o companheiro um objeto, tão quanto um carro, uma casa, um
emprego. Afinal, pode aparecer alguém mais malhado, ou com mais dinheiro, mais
atencioso... não seria nada mal. Vai que surgi uma mulher mais compreensiva,
mais gostosona, que não exigem tanta atenção... Pessoas são insubstituíveis,
coisas não.
Não estamos fazendo do outro um
espelho onde eu olho e sou olhada, e assim, vendo de perto as espinhas e
gordurinhas, o brilho nos olhos e os sorriso; assim, e só assim, podemos nos esforçar
para cada vez mais nos parecer com quem nos olha de volta. Não é fazer do outro
um reflexo de mim, uma xerox idêntica, mas entreolhando-se descobrirem-se parecidos.
Um namoro capitalista está sempre
alerta caso alguém melhor esteja disponível na prateleira. Um namoro capitalista não tolera erros - vacilos
podem te fazer perder o emprego, não tem paciência para esperar o produto –amor-
ficar pronto, porque tempo e dinheiro. A
busca por pessoas perfeitas, já prontas, sem defeitos que dão muito trabalho é
enorme, e talvez seja por isso que tantas pessoas estejam só.
Não digo que você se deve
conformar com qualquer trapo, ou que não deve esperar alguém baça, porque é claro
que todos nós colocamos expectativas no outro, que combine com nosso jeito e isso
está longe de estar errado. O problema está quando colocamos uma visão de
raio-x que busca enxergar somente pessoas
perfeitas, que impedem que nos abramos ao Não esperado.
Descoisificar a pessoa, humanizar o amor e 'descapitalizar' o relacionamento perfeito são desafios que nos abre as portas da paciência e do novo, e as portas do novo ampliam as possibilidades, reduzem as angustias.
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