sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Era noite e não dormíamos.


Na escuridão particular de cada um, com todos os medos e monstros deitados sobre si, sobre a cama, sobre o teto, sobre o ap., na esquina de uma rua qualquer em São Paulo, era noite, mas não dormíamos.
Deitados em silêncio de vez enquando ele se virava pra mim e eu via sua face atordoada, dedilhava seu rosto e ele me parecia choroso. Ele me apertava os braços e beijava e mordias meus lábios com força e paixão. Puxava meu cabelo, mas acariciava minhas mãos. Doce e amargo. Era estranho porque ele me odiava justamente por me amar... Como se meu amor fosse um veneno que só o mataria em pequenas doses e por isso ele queria me tomar inteira, como um antídoto anti-mim.  
Contudo e novamente, com lágrimas plantadas nos olhos, se revirava na cama. Eu perdida e medrosa, como um pássaro no primeiro voo, não dizia nada com medo de feri-lo com todas as minhas constatações filosóficas, e com os encantamentos aprendidos com a Disney.  Eu o amo profundamente, mas não consiguia vencer a barreira entre nossos eu, não consegui expressar porque é excessivamente bom e confuso esse amor. Nos precisamos, nos queremos, e nos ferimos por isso. Porque sou dele e ele é meu, mas antes de tudo temos domínio de nós. Talvez choramos juntos naquela noite, porque abri mão de nós mesmo e nos modular a outrem é perigoso e doloroso demais pra quem a vida já calejou.    
Não nos levantamos, não bebemos, simplesmente ficamos abraçados como peças de quebra-cabeça: inteiras e particulares, mas que juntas formam um só desenho. A beleza depende de quanto eles estão próximas. Estar perto depende de quanto elas estão dispostas...
Passaram as horas, adormecemos só quando veio o dia, porque em um lugar comum era noite e não dormíamos.


Paloma

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