sábado, 14 de maio de 2011

Neruda




"Quando não posso contemplar teu rosto, contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado, teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam e que teu doce peso sobre eles se ergue.


Tua cintura e teus seios, a duplicada púrpura dos teus mamilos, a caixa dos teus olhos que há pouco levantaram vôo, a larga boca de fruta, tua rubra cabeleira, pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés é só porque andaram sobre a terra e sobre o vento e sobre a água, até me encontrarem."

(Pablo Neruda)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça um blogero feliz e comente =D